Expocannabis 2022, THC, cultivo, cannabis regulamentada no UY

No início do mês de dezembro a diretoria da ACURACAN compareceu em peso na Expocannabis 2022, no Uruguai, o principal evento canábico da América Latina. Nosso vizinho Uruguay foi o ...

No início do mês de dezembro a diretoria da ACURACAN compareceu em peso na Expocannabis 2022, no Uruguai, o principal evento canábico da América Latina. Nosso vizinho Uruguay foi o primeiro país no mundo a legalizar e regulamentar o cultivo, venda e uso de cannabis, em 2013, seguido pelo Canadá em 2018.Foram dias de muita interação, troca de conhecimentos e fortalecimento dos laços que unem todos nós, militantes do uso descriminalizado da nossa amada plantinha.

Além da Expocannabis 2022, visitamos cultivos, e vimos de perto os métodos de produção dos insumos que utilizamos na ACURACAN, discutimos processos de extração e ouvimos atentamente às falas dos pacientes e produtores uruguaios que, apesar de terem a descriminalização a seu lado, ainda precisam estar atentos e manter-se vigilantes quanto à mudanças na legislação do país. Muitas vezes, essas mudanças representam retrocessos e insegurança jurídica, tanto para os envolvidos no cultivo e produção do extrato medicinal; quanto para os pacientes, que se beneficiam dos tratamentos. 


Um exemplo disso é o fato de que no Uruguai se produzem flores com grau de THC acima de 6%, e se admite o uso recreacional dessas flores, mas os pacientes portadores de doenças com quadros de dor crônica, que necessitam dentre outros canabinóides, do THC,   não podem comprar na farmácia remédios que contenham graduações mais altas, como 20% de THC por exemplo, adequadas ao tratamento de suas dores e condições.

Ainda ressoam em nossa memória vozes como a de Cláudia Souto, presidente da ASSCI, Asociación Síndrome de Sensibilidad Central Internacional, que em uma das mesas de debate afirmou com toda propriedade: 

" Buscamos alternativas dentro da medicina, não buscamos soluções mágicas, não vamos a um xamã, não vamos na feira comprar um óleozinho(...) falemos de liberdade responsável, somos pacientes ativos, empoderados, informados e formados, que temos direito de decidir o que queremos consumir, como queremos consumir e como queremos enfrentar nossas enfermidades crônicas, e viver o resto de nossas vidas..."

Nos parece claro que as pessoas envolvidas nas associações de pacientes no Uruguai, sabem do que estão falando e seu trabalho representa uma mudança real na qualidade de vida dos uruguaios que enfrentam enfermidades crônicas. Qualquer lei que tenda a criminalizar esta verdade, vai em direção contrária ao belo trabalho que já foi feito pelas associações.

Também gostaríamos de registrar que a infraestrutura do evento deveria ter mais cuidado com os acessos a pessoas com deficiência. Apesar de existir uma tentativa de estrutura, muitas vezes não atendiam às necessidades de uma pessoa portadora de deficiência. A festa de encerramento, por exemplo, não contava com banheiros acessíveis e presenciamos um senhor cadeirante passar por uma situação no mínimo constrangedora, sendo obrigado a urinar ao lado das cabines de banheiro químico disponíveis.

Conscientização e  iniciativa são essenciais para se garantir uma indústria mais justa e igualitária, aproveitando os impostos arrecadados da indústria da cannabis para fomentar pesquisas e amenizar o impacto da guerra às drogas, promovendo assim um programa centrado na reparação histórica e justiça social. Esse é o tipo de programa que poderia ser implementado no Brasil, tendo em vista que a indústria da cannabis e as políticas públicas em torno dela ainda estão em processo de desenvolvimento.
Qual é a sua opinião sobre isso? Deixa aqui nos comentários!

Daniel de los Santos, diretor de marketing da Acuracan

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